Este pequeno texto de Ruy Barbosa reflete bem como esta a sociedade brasileira e diria também mundial. Estamos numa troca de valores onde o importante é ter, sob qualquer custas ou circunstâncias e quem foge desta regra é tido como um "idiota".
Na sociedade moderna o importante é a competição, voce tem que ser o numero um, tem que ter um campeão. A pluralidade e diversidade estão se perdendo, mesmo nas pequenas coisas somos "obrigados" a escolher somente um, um tipo de sanduíche, apenas um restaurante pra jantar, etc.
Porque não gostar de várias coisas ao mesmo tempo, como por exemplo do sertanejo à música clássica? Porque temos que ter esta competição contínua e ter sucesso a vida toda?
Leia texto abaixo para refletir !!!!!
Na sociedade moderna o importante é a competição, voce tem que ser o numero um, tem que ter um campeão. A pluralidade e diversidade estão se perdendo, mesmo nas pequenas coisas somos "obrigados" a escolher somente um, um tipo de sanduíche, apenas um restaurante pra jantar, etc.
Porque não gostar de várias coisas ao mesmo tempo, como por exemplo do sertanejo à música clássica? Porque temos que ter esta competição contínua e ter sucesso a vida toda?
Leia texto abaixo para refletir !!!!!
Na contramão dessa
desconfiança, o professor José Luiz Quadros de Magalhães, propõe um resgate dos
valores, como a honestidade, através do diálogo e do cuidado com as escolhas
que fazemos na vida.
·
Existe uma cultura de que a corrupção
e a desonestidade são exclusivas dos políticos?
A mídia, e especialmente a grande mídia, tem vinculado a corrupção com o
estado e os políticos. Em primeiro lugar é importante lembrarmos que os
vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos, governadores
e o presidente da república são representantes do povo, escolhidos livremente
pelo voto secreto. Precisamos acompanhar o trabalho dos nossos representantes
que devem atuar seguindo a nossa vontade e não mais votarmos naqueles que não
cumprem corretamente as suas funções. Em segundo lugar, não existe corrupção
sem a presença de dois polos nesta relação criminosa: o corruptor e o
corrompido. A grande mídia fala apenas nos corrompidos que seriam, quase que
exclusivamente, os políticos. E quem é o outro lado desta relação? Quem paga as
campanhas eleitorais para conseguir contratos com o estado posteriormente? Quem
se beneficia dos gastos públicos em obras, em fornecimento de bens para a
administração pública. Precisamos buscar o outro lado desta relação. A
corrupção não ocorre só na política e a política reflete valores presentes em
nossa sociedade. Não podemos ficar eternamente colocando a culpa em políticos
que nós mesmos escolhemos. A grande mídia que só coloca a culpa nos políticos
quer na verdade desmoralizar o estado e a democracia.
·
A corrupção seria fruto dos valores
do mundo atual?
Realmente, podemos nos perguntar se não seria a sociedade de consumo em
que vivemos, onde as pessoas valem pelo que têm e não pelo que são, um fator
preponderante nestas condutas? Será que uma sociedade fundada no
individualismo, no egoísmo, na competição e na acumulação de bens tem futuro? A
competição e o individualismo, valores saudados como fundamentais em nosso
sistema econômico, reflete-se de diversas formas na vida social. Vivemos em uma
sociedade da competição permanente: na TV os programas escolhem a melhor
música, o melhor cantor, o melhor filme e nós reproduzimos isso no dia-a-dia,
quando escolhemos o melhor sanduíche, a melhor pizza, o melhor amigo, o melhor
isto e o melhor aquilo. O problema da
sociedade do melhor é que nós estamos desaprendendo a viver com a diversidade,
com a pluralidade. Por que escolher a melhor música se podemos conhecer
muitas músicas boas? Por que escolhermos a melhor pizza se podemos experimentar
pizzas diferentes e boas? Por que as coisas não podem ser simplesmente
diferentes? A competição e o egoísmo
refletem-se em coisas pequenas do nosso cotidiano: desde o motorista do
carro que não dá passagem, ao cara que fura a fila do cinema, o comportamento
predominante é o "tenho que me dar bem e o outro que se dane". É
claro que uma sociedade fundada nestes valores não pode ter futuro. Isso pode
virar uma guerra de todos contra todos. Precisamos resgatar a solidariedade e a
noção de comunidade como valores sociais fundamentais. A solidariedade pode
acabar com a corrupção, fruto da cultura do "se dar bem" a qualquer
custo.
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Qual o grau de participação dos
políticos na manutenção da corrupção e desonestidade no país?
Não acredito que os políticos tenham uma responsabilidade maior na
manutenção da corrupção. Os políticos não são a causa do problema. Como disse
acima, a causa está, entre outros fatores, em uma sociedade que reconhece como
valor supremo o sucesso pessoal representado pela acumulação de bens. É a
sociedade do salve-se quem puder. Reparem que isso se reflete no seu dia-a-dia
nas pequenas coisas: no trânsito, nas filas, no campo de futebol, no trabalho,
na escola...
·
Ser honesto é exceção, o normal é ser
corrupto? É possível ser honesto?
O normal não pode ser a corrupção pelo simples fato de uma sociedade não
sobreviver muito tempo a esse valor negativo. O destino da sociedade corrupta é
o caos. É claro que é possível ser honesto. E mais, é possível se transformar
em uma pessoa honesta. E é muito mais tranquilo ser honesto. Uma coisa
importante é aprendermos com nossas experiências. Na difícil convivência nesta
sociedade complexa, fazemos escolhas ou somos levados pela correnteza do
cotidiano por caminhos difíceis e que não escolhemos. Nenhuma pessoa é
estática, o que significa dizer que o que somos hoje não seremos amanhã. Somos
seres históricos. Logo, todos erramos, fazemos escolhas erradas ou somos
empurrados como gado a situações que não desejamos. O importante é que mesmo
errando podemos aprender com os erros e nos transformar em pessoas melhores.
Ninguém está condenado a ser a mesma pessoa. Logo, nunca podemos reduzir uma
pessoa a um predicado. Uma pessoa será sempre uma pessoa, histórica e plural.
·
E "fazer negócio", relações
econômicas e comerciais não supõem um certo grau de desonestidade?
Outro dia recebi um folheto de propaganda de um curso no sinal de
trânsito, em que estava escrito o seguinte: "Aprenda a vender o mesmo
produto do seu competidor por um preço mais alto para o seu cliente".
Realmente questiono muito o valor passado por essa absurda sociedade da
competição, na qual o que importa é a vitória, a qualquer preço. Me pergunto
até que ponto alguns cursos de administração e negócios não ensinam isso. Bom,
o efeito deste absurdo está na crise em que vivemos e que se instalou de forma
mais radical no final de 2008. O neoliberalismo reproduziu esses valores negativos
desde a década de 1980 e agora começamos a sentir seus efeitos mais perversos.
A crise foi gerada por esses valores que só podem resultar em ganância
desenfreada. Para estabelecer relações econômicas ou fazer negócios não é
necessário a desonestidade. A
desonestidade é fruto da perda dos limites em uma sociedade que idolatra a
competição e o sucesso.
·
Copiar trabalho da internet, não
estudar... buscar sempre o caminho mais fácil não são sintomas de desonestidade
na escola, entre os jovens?
Sim, isso é muito grave. O problema maior no campo da educação é que ela
se transformou, nesta sociedade de consumo, em um produto, e o aluno em um
consumidor. Isso é o fim da escola. A pior consequência é que o aluno, muitas
vezes, acredita que o objetivo do curso é o diploma e não o aprendizado, que é
uma grande ilusão. Ora, se o objetivo é o diploma, o professor, o aprendizado,
o curso enfim, passa a ser um obstáculo para se chegar ao diploma. Perde-se a
percepção de que é o aprendizado que importa. Assim, em uma típica e inútil
relação de consumo o aluno compra a prazo seu diploma para depois pendurar na
parede de sua casa. Existem cursos em que alguns alunos saem piores do que
entraram, em outros alguns saem ilesos. O pior de tudo é quando encontramos
alunos que não querem saber: em meio a tanta informação disponível vivemos o
fenômeno da incuriosidade.
·
Há possibilidade de reverter esse
quadro?
É claro que é possível reverter. Precisamos refundar nossa sociedade.
Precisamos de solidariedade, fraternidade, diálogo, diálogo, diálogo... Não
precisamos de tantas bugigangas, de tanto consumo. Não precisamos do egoísmo e
a competição deve ficar para a sadia disputa dos esportes, em que deveria ser
mais importante a diversão.
Educar para a cidadania
Os escândalos que vêm sendo divulgados pela mídia são resultantes de um
processo de negação da cultura política aos meios populares e reflete uma
atitude de passividade das representações populares no sentido de educar nosso
povo para compreender e analisar o processo político de maneira geral. O bom de
tudo é que nossos jovens têm aumentado seu poder de crítica e reflexão e não
são tragados assim pela alienação. Seu potencial precisa ser cada vez mais
valorizado e estimulado, criando mecanismos de educação política para compreensão
das ideologias e dos fatores que movem o mundo político.
O aprendizado político se dá com a prática, com o questionamento e com
educação pautada no desenvolvimento de senso crítico e do poder de
questionamento, sempre contido na suposta rebeldia adolescente. É preciso
confiar no que o jovem diz, aceitar seus questionamentos e fazer sua educação
cada vez mais voltada para uma visão do mundo a partir de um processo
investigativo da sociedade em que vivemos.
A escola tem um papel fundamental nesse processo, pois é o lugar do
conhecimento e do aprendizado. O ambiente escolar deve ser pautado numa visão
democrática que se inicia a partir da delimitação da gestão do ambiente onde se
desenvolve a educação. É importante que os educadores estimulem seus alunos a
participarem do desenvolvimento da escola, criando sempre assembleias, grêmios
e outros mecanismos de participação que oportunizem aos educadores e alunos a
tão sonhada cumplicidade eivada de ações que colaborem para uma educação sempre
motivada e incisiva no rumo da qualidade.
Existe um mundo novo nos ambientes da juventude e o fator informação é
cada vez mais importante na formação adolescente. O interessante é filtrar essa
informação e fazer dela algo a mais no processo de aprendizado crítico e
questionador. Não podemos cair no relativismo de dizer que os jovens ignoram a
política e que estão completamente alienados. O que eles não querem é essa
política que aí está, uma política de privilégios, de jeitinhos, de acomodações
e de desrespeito aos verdadeiros anseios populares. O desinteresse dos jovens
pela política é resultado da forma como ela vem sendo praticada e desenvolvida
pelos velhos políticos que não imaginaram que o mundo mudou e que a comunicação
deixa sempre à mostra suas atitudes inadequadas e certamente malignas para
grande parte de nosso povo.

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